segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Índios na noite

Eram dois índiosinhos. Um tinha asas para voar, outro grandes pés para andar em meio as matas e se manter firme na terra.
Num dia de sol os dois saíram na função de desvendar alguns mistérios da floresta. Logo ao entrarem na mata uma forte corrente de vento veio ao encontro deles. O vento soprava e dizia coisas sobre a vida de cada um, os fortaleceu com esperanças e boas noticias de antepassados, que só essa massa transparente cheia de energia e força teria guardado para mais tarde oferecer aos seres que viviam naquele lugar.
Caminhando e conversando, falavam muito, cada um falava sobre o que via, um em cima, descrevia as árvores, as folhagens verdinhas e outras amareladas, flores, frutos, as coisas que via à distância, o de baixo falava sobre troncos, nascentes, espinheiras, bichinhos da terra, coisas que compreendia detalhadamente.
A noite chegava, e a mata começava uma melodia de dança e ritmos numa só harmonia. Aos poucos vagalumes desfilavam em meio aos lírios, olhinhos de gatinhos, saídos do ninho na noite em busca de alimentos, apareciam e desapareciam, o grilinho se mostrava através da cantiga, cobras confundiam-se com cipós, a cachoeira silenciava para escutar os peixes que em grandes saltos demonstrativos reluziam à luz da lua.
A noite dos dois era uma grande fantasia, mitos descritos no escuro.
A lua ainda iluminava o caminho, formando máscaras de reflexo nos personagens, contornando o olhar com peso e delicadeza.


Em homenagem a quem esteve iluminado pelo luar enquanto desvendava esse grande mistério que é estar em outra pessoa.

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