sexta-feira, 11 de março de 2011

Minha casa

Não sentirei falta das roupas secando no varal, nem de esfregar o carpete mofado.
Sentirei saudades do cheiro do bolo de fubá da Laís saindo quentinho do forno.
Da canga aberta no chão em dia de frio, com fio e agulha espalhado pra todo lado.
De chegar alta madrugada embriagada de euforia me mandarem calar a boca.
Dos corredores gelados da Faculdade de Artes do Paraná.
Daquele tempero mineiro de cuidado e afeto, no risoto sagrado onde todos os desgostos são afogados e esquecidos.
E a sobremesa de goiabada...tão suave, tão doce, quase como um ritmo do beatles orquestrada numa caixinha de música.
As terapias em cadeiras de plásticos formam o melhor método aplicado em toda a psicologia.
A poesia dita em cada gesto de atriz, leve, chega generosa de ouvidos, composta por tijolinhos azuis, é de se queixar não ter mais ninguém assim no mundo que supra a necessidade de estar ao lado da suavidade e da força, aposta todos esses ingredientes na massa de bolo.
Como as mãos coloridas, fixadas, pintadas, como os pés, estará marcado, mesmo com tinta branca, com outras pessoas ali, lá estarão as mãos, os pés, assim estarei em casa, para casa, ao estar com vocês.

3 comentários:

  1. isso é muito a gente!
    eu amei!
    =)
    lindalinda!

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  2. Lindo texto.

    Linda Elisa, que me enche de saudade.

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  3. Cada pedaço daquela casa me lembrara o que vivemos ali. Sempre haverá renovações, elas nem sempre são boas e bonitas à primeira vista. Mas a sensação de que devemos estar e permanecer estando é fundamental. Não digo que está fácil, afinal não éramos uma Republica de estudantes, mas uma casa, uma familia. E como toda despedida de irmãos são dolorosas, não tem como evitar. Chorar escancaradamente, baixinho, quieta no quarto, abraçar forte ou simplesmente não querer dizer nada... o que fica é o amor. o amor que sinto e sempre sentirei por vocês.
    Sinto MEDO sim não posso mentir, medo do que posso encontrar daqui pra frente. Medo de não encontrar irmãos pra contar, e chorar, e sorrir. Saudade Elisa, saudade que dói.

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