quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Uruguaian

Essa noite foi dia, não amanheceu.
Ao som do cajon e violão, senti vibrações das palmas, uma tocando na outra.
A mão se levanta suavemente, e volta cheia de atritos sonoros ao instrumento.
As cordas mostram o caminho forte e amargo que devem percorrer, em quase nunca suave.
A voz que toma conta do espaço, bar sujo de coca, trepadeiras, badulaques, vinil, aqueles que eu mostrei pra você.
A voz encanta é sereio, entoa hinos não entendíveis aos ouvidos humanos, mas que apenas pela forma de expressar e se manifestar, faz sentido algum.
É todo nosso o caminhar.
Sabiás e canarinhos tentam nos enganar dizendo que é manhã, mas como ser manhã se ainda nem anoiteceu?
O canto ecoa no espaço, nas copas.
O silêncio pairou num grito espantado de prazer.
Desafino, continua a música, agora não mais em harmonia, mas em mentiras avulsas, palavras soltas, pouco compartilhadas.
Foi pecado, falar da noite enquanto ainda era dia, foi pecado manter o dia quando já era noite.

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